Anotações | Junho
Termina assim o mês das bifanas e dos pães com chouriço normalmente comidos no meio da multidão alterada pelas imperiais e pelo óleo dos churros.
Nunca tinha reparado na quantidade absurda de gente que vai para os arraiais de salto alto. Reparei este ano, porque os vinte e sete já não me permitem ir para a primeira fila do espetáculo curtir; obrigam-me antes a sentar no primeiro espaço disponível com a opinião que "concerto de arraial não é para ver, é para ouvir".
Tinha saudades de tudo, menos dos gajos que andam a roçar a zona íntima às meninas enquanto estas tentam passar, ordeiramente, para um sítio mais calmo.
Todavia este mês não me marcou pelos arraiais. Aliás, sinto-me desiludida. As bifanas eram boas, sim. O cachorro-quente soube-me a céu, sim. Desta vez ganhei prémios de jeito (dentro do possível) nas rifas, sim. Mas de resto foi um engano, uma quase perda de tempo.
O que me marcou este mês foi algo maior, bem maior do que uma bifana em bolo do caco carregadinha de mostarda. E eu quero muito deixar aqui registado, embora sinta que já o devia ter feito há uma semana.
Quando o senhor se opôs a enviar fotografias do espaço ou a revelar quantos metros quadrados tinha porque bom bom era mostrá-lo pessoalmente, todas as bandeiras vermelhas deste mundo se levantaram. Enviou, no entanto, a morada por SMS, permitindo-nos pesquisá-la no Google. O cenário foi diferente do expectável... Pelo menos eu não contava encontrar um prédio branquinho e fofinho cujo acesso é uma escadaria cercada por duas paredes de folhas e flores.
Não sei se foi o solinho gostoso que a varanda e a janela do quarto recebem, se foi o som constante dos passarinhos, se foi a zona sossegada que inspira um estilo de vida menos apressado ou se foi o facto de debruçados na varanda conseguirmos cheirar e tocar nas flores do jardim de baixo e ver as abelhas trabalhar. Só sei que, de facto, há coisas que se sabem porque se sentem. Por isso, de fita métrica na mão demorámos cerca de sete minutos até comunicar a decisão que, na realidade, já estava tomada - só ainda não tinha sido dita em voz alta.
Estamos felizes! :)
Em breve serei oficialmente uma pirosa a viver em Cascais (porque beta recuso-me).